Intellectual Output n°2: “Why New Faces”
PANEL SUMMARY
Painel n°4
Crise na Linguagem: A Guerra das Línguas
Este painel contribuiu para a gama de desafios discursivos propostos pelo simpósio PreFaces através de uma questionação dos modos como a linguagem foi / é usada para a interacção humana em circunstâncias críticas. Com efeito, o programa New Faces interpela o passado proto-moderno para melhor se confrontar com cenários de crise no presente tardo-moderno – e este painel ponderou uma questão específica: como podem as práticas verbais, e em particular certas instâncias de interacção verbal em textos proto-modernos, ajudar a desenvolver a nossa capacidade para enfrentarmos crises no nosso tempo?
À luz dos nexos gerais definidores do programa New Faces e da sugestividade da referida questão, o painel teve em conta um conjunto enfaticamente diverso de usos da linguagem – desde o conflito aberto a formas de mediação e a exemplos de políticas sociais.
A abrir a sessão, Rui Carvalho Homem salientou como o diagnóstico de crise do nosso tempo, que se tornou um lugar-comum discursivo em sociedades avançadas, vai buscar muita da sua força persuasiva aos novos media digitais, cujo funcionamento incessante se apresenta tantas vezes dirigido para a agressão verbal; e articulou este estado de coisas com representações de irredutibilidade individual em “comédias de cidade” proto-modernas, em particular através da incapacidade revelada pelas personagens para escutar as vozes de outros, à medida que o espaço urbano, criado para a coabitação e a circulação, se torna antes o lugar de uma negação dos trânsitos e de um sentido de comunidade. Nathalie Vienne-Guerin propôs em seguida uma leitura do “insulto, do trauma e da vulnerabilidade linguística” em Shakespeare, tendo em conta a importância crucial do “efeito” e do “contexto” na determinação das condições em que certos usos da linguagem funcionam como insultos – e argumentando, portanto, que considerações “pragmáticas”, mais do que “sistemáticas”, são decisivas para um entendimento do modo como a linguagem pode fomentar a crise. A intervenção final foi de Claire Cornillon, que ofereceu um relato do trabalho de uma associação (Auxilia) que tem ajudado a desenvolver as competências verbais de grupos de cidadãos afectados por um quadro muito específico de condições críticas – as que são próprias do ambiente prisional; o seu relato salientou as oportunidades de mediação e capacitação que nascem da melhoria de capacidades verbais, por vezes através de recursos que surpreendem por serem de “baixa”, que não de “alta” tecnologia.